De forma a incentivar a criação, a interpretação e a divulgação de novas obras musicais, a Fundação da Casa de Mateus, o Sond’Ar-te Electric Ensemble e a blablaLab AC lançam a 1ª edição de um concurso internacional que pretende promover a escrita de novos Lied, diversificando as possibilidades de combinações da voz com um instrumento, valorizando a composição para voz (soprano) acompanhada dos instrumentos da formação do Sond'Ar-te e a possibilidade de inclusão de meios eletroacústicos. 
 
No ano em que assinalamos os 10 anos da morte de Alvaro Garcia de Zúñiga, propusemos os textos deste autor, encenador e músico português de origem uruguaia, fundador da blablaLab AC. Depois da divulgação do concurso e da seleção criteriosa dos projetos candidatos, o programa termina em novembro 2024 com uma residência de criação e a apresentação pública das composições vencedoras.
 
Nesta primeira edição, o concurso recebeu 20 novas obras oriundas de 9 países diferentes. Após análise, o júri composto pelos compositores Iris ter Schiphorst, Philippe Leroux e Miguel Azguime selecionou para o concerto de finalistas as obras "Da keine Worte nur töne” (soprano, flauta e electrónica), de Ângela da Ponte (Portugal), e "(S)onora (h)ola”  (soprano e clarinete), de Alejandro Mata (México).
 
As peças serão apresentadas em concerto na Fundação da Casa de Mateus, no próximo dia 16 de novembro, com interpretação da soprano Camila Mandillo e dos solistas do Sond’Ar-te Electric Ensemble, após o que o júri anunciará o vencedor do prémio.
 
O concurso integra o programa AGZ X, iniciativa da blablaLab AC que assinala os 10 anos sobre a morte de Alvaro García de Zúñiga, (1958-2014).

INSCRIÇÕES ENCERRADAS

As composições submetidas devem ser escritas para um duo, numa combinação escolhida entre soprano e os seguintes instrumentos, com ou sem eletrónica: flauta, clarinete, violino, violoncelo ou piano. A escolha de textos deverá incidir na obra de Alvaro García de Zúñiga.

Para mais informações:

WWW.SONDARTE.COM - BLABLALAB.NET - WWW.CASADEMATEUS.PT

Informações e submissão de candidaturas:

SONDARTE@SONDARTE.COM

Alvaro García de Zúñiga (Montevideu, 1958 - Lisboa, 2014) é um escritor, encenador, realizador e compositor português de origem uruguaia. Formado fundamentalmente em música (violino e composição com Norbert Brainin, Amadeus Quartet, Sergio Prieto, Roque de Pedro, etc.), o teatro musical leva-o para o "teatro tout court" e daí passa para outras literaturas. Autor de peças de teatro, argumentos para cinema, uma adaptação para ópera, várias obras em prosa e poesia, a escrita leva-o à encenação de teatro e à realização cinematográfica e radiofónica. Para o poeta, Alvaro García de Zúñiga, a língua (e as línguas) são a matéria prima do seu trabalho. Uma língua musical, visual, uma língua inventada, esvaziada, destruída e reconstruída, geradora de sons/sentidos múltiplos. Uma língua sem nacionalidade específica que se diverte a cruzar-se com outras línguas e a inverter as convenções linguísticas. Uma língua elástica em que as normas não são impositivas e as diferenças são bem vindas.

Uma língua estrangeira, lógica e sonora. Muitos dos seus textos foram encenados pelo autor ou objecto de leituras públicas. Estreou peças como Teatro Impossível (ACARTE, 1998), O Teatro é Puro Cinema (TNDMII, 1999), Conferência de Imprensa (TNSJ, 2007; SLTM, 2012), RadiOthello (Teatro am Neumarkt Zurique, 2008).

Realizou filmes de curta e média metragem, peças de teatro radiofónico e arte acústica. A partir do livro mundo Manuel, Mi-Homme mi-Mode d’Instruction, criou com inúmeros companheiros de todas as proveniências, o ‘Manuel Sur Scène’, forma infinitamente mutante, em que palavra, música e presença se organizam numa performance transdisciplinar. Em 1996, com Teresa Albuquerque forma a associação blablaLab no âmbito da qual levam a cabo projectos transversais e pluridisciplinares que se implementam em diferentes cidades da Europa (Berlin, Zurique, Paris, Lille, Colónia…).

A utilização dos textos é exclusiva para as obras a concurso. O poeta e artista pluridisciplinar Alvaro García de Zuñíga, autor dos textos para este concurso, abordava a escrita poética de uma forma Multilingue, de forma que traduções destes textos para outras línguas também são possíveis. Contudo as traduções (sejam elas pessoais, do chatGPT ou de qualquer tradutor automático têm de ser identificadas nas partituras, de forma distinguir a autoria do texto na sua versão original, das autorias das traduções resultantes. Para o autor era da maior importância “Copiar claro”!

Iris ter Schiphorst

Júri 

Como compositora, Iris ter Schiphorst é influenciada por anos de experiência como pianista clássica, baixista, percussionista, teclista e engenheira de som em várias bandas de rock e pop A sua lista de obras abrange todos os géneros, incluindo treze grandes obras orquestrais estreadas por orquestras de renome na Alemanha e no estrangeiro (incluindo a Orquestra Sinfónica da Rádio da Baviera, a Orquestra Sinfónica Alemã de Berlim, a Orquestra Sinfónica da Rádio de Berlim, a Orquestra Sinfónica da Rádio da Alemanha Ocidental, a Orquestra da Rádio do Sudoeste Alemão, a Orquestra Gürzenich de Colónia, a Orquestra Sinfónica da BBC de Londres, a Orquestra Sinfónica da BBC de Glasgow, a Orquestra Nacional da Juventude da Grã-Bretanha, entre outras), numerosas obras completas de teatro musical e uma variedade de música para filmes. Ler mais

Philippe Leroux

Júri

Philippe Leroux nasceu em Boulogne sur Seine (França) em 1959. Em 1978, ingressou no Conservatório Nacional Superior de Música de Paris nas classes de Ivo Malec, Claude Ballif, Pierre Schäeffer e Guy Reibel, onde obteve três primeiros prémios. Durante este período, estudou também com Olivier Messiaen, Franco Donatoni, Betsy Jolas, Jean-Claude Eloy e Iannis Xénakis. Em 1993, foi nomeado residente na Villa Médicis (Prix de Rome), onde permaneceu até outubro de 1995. Ler mais

Miguel Azguime

Júri

Miguel Azguime estudou na Academia de Amadores de Música (1966-76), tendo também frequentado o Conservatório de Lisboa. De 1975 a 1982 estudou percussão com Catarina Latino e Júlio Campos e fundou vários grupos de jazz e música improvisada. Em 1984 foi para Darmstadt, onde estudou percussão com James Wood e composição com Horatiu Radulescu, Brian Ferneyhough e Clarence Barlow. Frequentou também seminários com Emmanuel Nunes, Cristóbal Halffter e Tristan Murail. Entre 1985 e 1986, estudou percussão com Gaston Sylvestre em Paris e Nice. Ler mais

O Sond'Ar-te Electric Ensemble é um grupo de música contemporânea inovador no panorama da nova música europeia. A sua estrutura central é a combinação permanente de 5 a 7 instrumentos acústicos (flauta, clarinete, violino, violoncelo, piano + viola + percussão + voz) com a eletrónica, apoiando-se na experiência técnica do Miso Studio. O repertório do Sond'Ar-te Electric Ensemble abrange algumas das mais importantes obras para ensemble até 5 e 8 instrumentos dos séculos XX e XXI. Uma das características fundamentais deste projeto é a encomenda de novas obras, incentivando assim o desenvolvimento forte e vibrante da música de câmara contemporânea com eletrónica, com especial atenção para a criação portuguesa.

O Sond'Ar-te Electric Ensemble, composto por uma jovem geração de músicos excepcionais com carreiras individuais como solistas, tem vindo a ganhar, desde a sua estreia em setembro de 2007, um nível artístico notável e é já uma referência em Portugal e no estrangeiro. Para além da sua circulação em concertos por Portugal, Paris, Festival de outono de Varsóvia, Museu Guggenheim de Bilbao, Festival da Cidade de Londres, Seul, Tóquio e Berlim, o Sond'Ar-te está fortemente envolvido em projectos de teatro musical mediático, no desenvolvimento de actividades educativas como o Fórum de Jovens Compositores e na formação de novos públicos através da apresentação de programas especiais para crianças.

A Fundação da Casa de Mateus foi instituída em 1970 por D. Francisco de Sousa Botelho de Albuquerque. É uma instituição privada com missões de serviço público nas áreas patrimonial, cultural, artística, educativa e de divulgação científica com uma implantação singular num território de baixa densidade. No centro da sua ação, encontramos o cruzamento entre património histórico, património natural, artes e inovação, reforçando a perceção do valor dos instrumentos culturais e da ação local para a superação das grandes questões globais; ou a confluência entre ação cultural, paisagem e território, numa perspetiva de sustentabilidade, envolvendo as pessoas e as comunidades no raciocínio emergente sobre novas formas de relação com os recursos naturais.

No biénio 2023/2024, a Fundação da Casa de Mateus propõe um programa multidisciplinar que parte das artes visuais, da música, da literatura ou da dança e se entretece nos infinitos cruzamentos entre cultura, criação artística, projeto educativo e divulgação científica. Contando com o apoio do Ministério da Cultura, através da Direção-Geral das Artes, e do Município de Vila Real e persistindo na colaboração com um conjunto importante de parceiros institucionais e artísticos, a Fundação da Casa de Mateus convoca para o território artistas e criadores de múltiplas proveniências para desenvolver estratégias de transmissão de práticas artísticas e formas de fruição que detêm um potencial de transformação importante e, sobretudo, convida os cidadãos a tomar as suas paisagens como lugar de diálogo permanente entre a memória e a criação do novo.

A blablaLab Associação Cultural é um laboratório de línguas e linguagens que trabalha sobre a obra, a inspiração e as metodologias propostas por Alvaro García de Zúñiga e Teresa Albuquerque desde 1996. Centrado sobretudo nos cruzamentos entre música e teatro, performance art e poesia concreta, sempre com ligações às artes visuais, o trabalho da blablaLab navega entre diferentes suportes, da cena à edição ou aos palcos radiofónicos, do livro-fonte Manuel à sua concretização no dispositivo ‘Manuel Sur Scène’, forma infinitamente aberta que privilegia o encontro de linguagens artísticas e a provocação mútua entre as línguas.

Em 1963, Robert Filliou, artista da Fluxus, declara que a arte nasceu no dia 17 de janeiro, 1 milhão de anos atrás, no momento em que uma das primeiras pessoas humanas atirou uma esponja para um balde de água. Neste mesmo dia, 1.000.061 anos depois, no mesmo dia em que celebraríamos o 66º aniversário de Alvaro García de Zúñiga, a blablaLab Associação Cultural inicia o programa AGZ X, que assinala os 10 anos da sua morte. E aproveita para oferecer à arte e à ideia de festa permanente evocada por Rovert Filliou um pouco da sua escrita polimórfica, polifónica e poliglota, feita para ser dita e ouvida: BAB-EL, composição de Daniel Schvetz a partir de textos de AGZ, nas vozes de muitos dos seus amigos e companheiros de aventuras artísticas: Alínea B Issilva, Arnaud Churin, Dominique Parent, Eduardo Raon, Emmanuela Pace, Fernán García de Zúñiga, Fernando Mora Ramos, José Luís Ferreira, Leopold von Verschuer, Luciana Fina, Margarita Presno Marinoni, Maristela Svampa, Miguel Azguime, Natalia Wachsman.

MAIS INFORMAÇÕES EM: WWW.SONDARTE.COM | BLABLALAB.NET | WWW.CASADEMATEUS.PT INFORMAÇÕES E SUBMISSÃO DE CANDIDATURAS: SONDARTE@SONDARTE.COM

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